Sobre a temática o Selecionador de Textos disse que "é interessante, todavia, complexa, porque mexe com a fé das pessoas e esta, por ser algo de foro muito intimo, e que, portanto, apesar das distorções e enganações que vemos por aí, e tão bem faladas pelo nobre poeta, precisam ser respeitadas. Assim sendo, a publicação conosco poderá ser possível, se aceitar que coloquemos uma nota dizendo que o cordel reflete a sua opinião e não a da editora, visto que, temos também muitos leitores no ramo tanto católico quanto protestante, inclusive dois poetas pastores, e católicos fervorosos publicam suas obras conosco". Para ver a Capa em tamanho grande basta clicar sobre a Imagem.
1
Vou contar para vocês
Uma história interessante
Que ocorreu numa cidade
Quando eu era viajante
Uma história melindrosa
Com desfecho impressionante.
2
Mas primeiro vou dizer,
Que eu sou temente a Deus,
Criador do Universo
E de todos filhos seus
Que eu sou temente a Cristo
Rei de todos os judeus.
3
Sou temente ao Espírito
Que é o Consolador
Creio que o homem existe
Pra louvar seu Criador
E por isto, esses versos,
Eu dedico ao Senhor.
4
E bem como creio em Deus
Também sei que existe o cão
O chifrudo dos infernos
Dito-cujo, cramunhão,
O safado, mequetrefe
Assassino e ladrão.
5
E se Deus quer nosso bem
O diabo quer o mal
Cristo é a humildade
O tinhoso é o tal
Deus almeja o começo
O diabo, o final.
6
Pois, um dia vi um homem,
Quando andava de passagem
Tava todo retorcido
Era feia a imagem
Parecia endoidecido
Ou até uma miragem.
7
Seu aspecto horrendo
Chamou toda atenção
De quem ia pela rua
Ajuntou-se a multidão
Que olhava o tal homem
Com tamanha repulsão.
8
E o homem de joelhos
Tinha os braços para trás
Disse ele: “Cheguei junto
E daqui não saio mais
Vim buscar a alma deste
Porque é de Satanás.”
9
Quando disse essas palavras
O povão se assustou
Um olhando para o outro
Todo mundo ali ficou
Esperando para ver
O que o cão anunciou.
10
E no meio da calçada
Com o povo aglomerado
O cão ria e pulava
Com o homem ajoelhado
Suando ele babava
Porque estava dominado.
11
Entre o povo presente
Eis que surge um pastor
Foi gritando “Sai de retro
Satanás, devorador,
Sai em nome de Jesus
O meu Rei e Salvador.”
12
Nisto o cão silenciou
Como imobilizado
O povo apreensivo
Aguardava admirado
Quando o cão deu um berro
Gargalhando debochado.
13
O pastor, sem entender,
Disse firme no instante
“Te ordeno, Satanás,
Pois não temo o gigante
Volte agora pro inferno
Onde o fogo é dominante.”
14
Levantou-se o diabo
E olhou o pregador
Encarou ele nos olhos,
E falando sem temor
Disse: “Eu só quero ver
Se você é bom pastor.”
15
Se voltando para o povo
Começou a falação:
“Esse aqui diz que é pastor
E que tem a salvação,
Sua alma está no céu
E que ama o seu irmão.
16
Mas ninguém sabe que ele
Prega engodo e mentira
Porque quando chega em casa
Manifesta sua ira
Pra bater na própria esposa
Que de medo inda suspira.
17
Ele fala de amor
Com a igreja lotada
E em casa espanca os filhos
Pois ninguém ali vê nada
Diz que eu sou o ruim
Mas é dele a golpeada.
18
Sei que sou o mentiroso
Mas aqui falo a verdade
Porque nesse pastorzinho
É que habita a maldade
Esse aí, se morrer hoje,
Vai me dar felicidade.”
19
E o povo indignado
Encarava o pastor
Que ficou atordoado
Por ouvir do acusador
Toda essência da verdade
Que escondia com terror.
20
O pastor, envergonhado
Não sabia o que falar
Deu as costas e saiu
E partiu pra não voltar
Foi pregar noutra cidade
Sua arte de enganar.
AS OUTRAS 130 ESTROFES DESTE POEMA SERÃO PUBLICADAS EM BREVE PELA EDITORA D'PRESS. AGUARDEM!!!